Quando falamos o quão importante é o papel da imprensa, muitos se
renegam a pensar que a imprensa esta lá para transmitir um fato e não
fazer mais que isto. A imprensa tem um papel aquém disto, tem o papel de
fomentar e disseminar a informação, de criar em uma sociedade livre o
direito de questionar e pensar, de resgatar fatos, histórias e momentos
da humanidade.
Em uma democracia a imprensa tem função fundamental para fortalecer a
sociedade na luta contra a corrupção e no respeito aos diretos
adquiridos. É a imprensa que pode ser sim a voz de uma nação tão
açoitada por mazelas e chagas que outrora foram deixadas pela ditadura e
injustiças sociais.
Mas a imprensa também erra. Sim é verdade, como em todas as áreas
existem bons e maus profissionais e cabe a cada um de nós em nossa
capacidade de discernimento, saber ouvir, filtrar e formar nossa visão.
Claro que apesar da imprensa, toda opinião do povo emana de sua bagagem
cultural, histórico de vida e acesso a informação. O século XXI se
notabiliza como o século da informação, onde disseminamos e
compartilhamos tudo com uma velocidade impressionante. Quem bom não?
Infelizmente não, pois com o advento da internet e suas facilidades veio
o empobrecimento da cultura e do valor da informação, onde a grande e
esmagadora maioria da sociedade não questiona ou busca informação e
conhecimento e isto fez surgir com mais força algo que já é enraizado na
cultura humana: a FOFOCA, a BOATARIA, agora chamada de FAKE NEWS. Este
fenômeno que não é novo, já causou a morte de pessoas, destruição de
carreiras e danos a famílias e governos.
O princípio do jornalismo é o de apurar, checar, verificar para poder
publicar. Mas a caça incessante pelo "like", pelo imediatismo faz com
que pessoas, "jornalistas" e pessoas com a "máquina" na mão se preocupem
com este sucesso momentâneo do que com o princípio do trabalho bem
feito.
Até inventaram agora o "YouTuber". Isto não é profissão, o YouTube é
uma ferramenta, se as pessoas agora vão colocar no currículo que é
YouTuber é um desrespeito, você pode sim ser um influenciador digital
como consequência, mas sua essência sempre será sua profissão, sua
cultura, seus valores morais e éticos.
O jornalismo passa por uma reformulação moral a qual não se vê a muito
tempo e temos que ponderar e tomar cuidado. Pois todo fanatismo é
maléfico, todos temos bandeiras ideológicas e temos que saber colocar
elas em segundo plano pelo menos por alguns momentos para que todos que
tem o poder de influenciar ou de disseminar a informação não seja mais
uma ferramenta a serviço do ódio, da intolerância e da desinformação.
O papel do jornalismo, reitero, é fundamental e imprescindível para o
fortalecimento da cultura e do processo democrático. Nenhuma mordaça
pode ser benéfica ao processo, tão pouco o fanatismo.
Lutamos
mais de três décadas pela liberdade e não podemos deixar que o suor, o
sangue e as lágrimas derramadas em prol da democracia sejam destruídas e
jogadas fora por caprichos deturpados e fanatismos de uma minoria
dominante. Os bons sempre serão maioria e a democracia e o direito e o
acesso a informação serão sempre uma premissa irrevogável de uma
sociedade justa.
Fernando Alves Firmino
Fundador do ESPORTESNET. Jornalista, profissional de educação física, palestrante, professor e treinador de Futebol/Futsal.
Mtb: 71668/SP